Autoconhecimento na Estrada: Na Trilha Sonora da Liberdade

A estrada não é apenas um caminho, é um estado de espírito. Há 30 anos, me tornei “motorista solo” por escolha, e desde então, a cabine do meu carro se transformou em um santuário de autoconhecimento. Adoro a sensação de liberdade que a estrada me proporciona: a paisagem desfilando lá fora, as cidades surgindo no horizonte, o ronco suave do motor e, acima de tudo, a trilha sonora da minha vida ecoando em alto e bom som.

Com os vidros fechados, o ar condicionado ligado e a certeza de que sou a única ouvinte, a música me transporta para um universo particular de reflexões e descobertas. Conheço os riscos da estrada, sou prudente e responsável, mas não abro mão da minha liberdade. Neste artigo, vou compartilhar como a viagem solo, embalada pela minha trilha sonora particular, se tornou a maior escola de autoconhecimento da minha vida. Aperte os cintos, aumente o volume e prepare-se para embarcar nessa jornada comigo!

A Cabine como Santuário: Onde a Música Encontra a Alma

Ritmo e Emoção: A música é a alma da minha viagem. Escolho o ritmo de acordo com o meu humor e a paisagem que me cerca. Um rock clássico para as retas infinitas, um blues melancólico para os dias de chuva, uma música clássica para as paisagens exuberantes. Ou bom bom sertanejo para qualquer momento!

Letras que Inspiram: As letras das músicas me inspiram, me fazem refletir sobre a vida, sobre meus sonhos, sobre meus medos. É como se os artistas estivessem cantando a minha história.

Volume no Máximo: Com os vidros fechados e o ar condicionado ligado, o som alto me isola do mundo exterior e me transporta para um universo particular. Eu tenho uma única amiga que suporta as minhas músicas em alto volume. E nesses momentos, quando ela está viajando comigo, de repente ela pergunta: – “Você já virou estrada Amiguinha?” É um claro entendimento de que ela sabe como eu estou me sentindo.

Exemplo Prático: Dirigindo pelas BR – 040 ou 153, ouvindo “The Best” da “Tina Turner”, me sinto livre e selvagem, pronta para conquistar o mundo.

A Paisagem como Espelho

Cidades que Contam Histórias: Cada cidade que visito me conta uma história. Caminho pelas ruas, observo a arquitetura, converso com os moradores e tento entender a alma do lugar.

Natureza que Acalma: A natureza me acalma, me conecta com o universo. Observo as montanhas, os rios, as florestas e me sinto parte de algo maior.

A Beleza nos Detalhes: Aprendi a apreciar a beleza nos detalhes: o sorriso de um estranho, o canto de um pássaro, o pôr do sol no horizonte.

Exemplo Prático: Dirigindo pelas Serras de Minas Gerais, observo as pequenas fazendas de gado leiteiro, as cachoeiras despontando no emaranhado de montanhas e os lindos vales pelos quais desfilam pequenos  rios.

A Estrada como Mestra

Imprevistos Acontecem: A estrada me ensinou que imprevistos acontecem. Um acidente, uma tempestade, um desvio inesperado.

Adaptação é a Chave: Aprendi a me adaptar a novas situações, a improvisar e resolver problemas com criatividade.

Exemplo Prático: Em uma viagem pelo Nordeste, meu carro atolou na areia da praia. Com a ajuda de alguns moradores locais, consegui desatolar o carro e seguir viagem. Essa experiência me ensinou a humildade e a importância da solidariedade.

A Solidão como Companheira

Tempo para Reflexão: A solidão me proporciona tempo para refletir sobre a vida, sobre meus relacionamentos, sobre meus sonhos.

Autoconfiança: A solidão nas viagens me tornou mais autoconfiante, me ensinou a confiar em meus instintos e a tomar minhas próprias decisões.

Exemplo Prático: Em uma noite fria em Glucínio-MG, me sentei à mesa da casa, tomei um vinho e escrevi um livro. Foi um momento de conexão comigo mesma que jamais esquecerei.

A Responsabilidade do Volante

Conhecendo os Riscos: Conheço os riscos da estrada e busco sempre cuidar. Dirijo com prudência, respeito as leis de trânsito, faço revisões periódicas no meu carro e evito dirigir cansada, à noite, ou sob o efeito de álcool.

Priorizando a Segurança: A segurança é sempre a minha prioridade. Uso cinto de segurança, mantenho a distância do carro da frente, evito distrações ao volante e planejo minhas paradas com antecedência.

Exemplo Prático: Em uma viagem pela BR-153, enfrentei uma forte neblina. Reduzi a velocidade, liguei o farol baixo e segui com atenção redobrada.

A Arte da Navegação

Mapas e GPS: Aprendi a usar mapas e GPS para me orientar nas estradas.

Confiança na Intuição: Mas confio também na minha intuição. Se sinto que estou no caminho errado, paro, pergunto e busco novas informações.

Exemplo Prático: Em uma viagem pelo interior de Minas Gerais, me perdi em uma estrada de terra. Com a ajuda de um morador local, consegui encontrar o caminho certo.

Engarrafamentos e Desvios: A Paciência como Combustível na Estrada da Vida

Na longa jornada de 30 anos como motorista solo, aprendi que a estrada, assim como a vida, raramente segue um percurso linear e livre de obstáculos. Os engarrafamentos, desvios e obras na pista são inevitáveis, e, com o tempo, se tornaram mestres em me ensinar a virtude da paciência.

Engarrafamentos: Uma Oportunidade para Desacelerar e Refletir

Aceitação da Realidade: No início, os engarrafamentos me irritavam profundamente. Buzinava, trocava de faixa constantemente, tentava encontrar rotas alternativas. Mas, com o tempo, percebi que essa atitude só aumentava meu estresse e não resolvia o problema. Aprendi a aceitar a realidade do engarrafamento e a encará-lo como uma oportunidade para desacelerar e refletir.

Desconectando-se do Estresse: Em vez de me deixar consumir pela irritação, comecei a usar o tempo no engarrafamento para relaxar. Ligava o rádio em uma estação de música suave, ouvia um podcast interessante, ou simplesmente fechava os olhos e respirava fundo. Aprendi a desconectar-me do estresse e a transformar o engarrafamento em um momento de paz.

Observando a Paisagem: Os engarrafamentos também me proporcionaram a oportunidade de observar a paisagem com mais atenção. Comecei a reparar nos detalhes que antes passavam despercebidos: a arquitetura dos prédios, o movimento das pessoas, as cores do céu. Descobri que mesmo em meio ao caos urbano, é possível encontrar beleza e inspiração.

Exemplo Prático: Lembro-me de um engarrafamento quilométrico na Marginal Tietê, em São Paulo. Ao invés de me irritar, liguei o rádio em uma estação de música sertaneja, observei o movimento das pessoas nos prédios e me senti grata por estar viva e ter a oportunidade de apreciar a cidade.

Desvios: A Arte de Adaptar-se ao Inesperado

Flexibilidade e Improviso: Os desvios são como surpresas inesperadas na estrada da vida. Podem ser causados por acidentes, obras na pista, ou simplesmente por um erro de percurso. Aprendi que a chave para lidar com os desvios é a flexibilidade e o improviso.

Explorando Novos Caminhos: Em vez de me frustrar com o desvio, comecei a encará-lo como uma oportunidade para explorar novos caminhos. Consultava o mapa, perguntava aos moradores locais, ou simplesmente seguia a placa que indicava a rota alternativa.

Descobrindo Lugares Inesperados: Muitas vezes, os desvios me levaram a lugares inesperados e encantadores. Cidades pitorescas, paisagens exuberantes, restaurantes charmosos. Descobri que os desvios podem ser uma forma de enriquecer a viagem e de vivenciar experiências autênticas.

Exemplo Prático: Em uma viagem pelo interior de Minas Gerais, um desvio me levou a uma pequena cidade colonial que não estava no meu roteiro original. Passei o dia explorando as ruas de pedra, visitando a igreja matriz e conversando com os moradores locais. Foi uma experiência inesquecível.

Obras na Pista: Paciência e Respeito ao Próximo

Compreensão e Tolerância: As obras na pista são como desafios que testam nossa paciência e nosso respeito ao próximo. É preciso reduzir a velocidade, esperar a vez de passar, e lidar com a poeira e o barulho. Aprendi que a melhor forma de lidar com as obras na pista é com compreensão e tolerância.

Respeito às Regras: Respeito as regras de sinalização, sigo as orientações dos trabalhadores da obra, e evito ultrapassagens perigosas. Entendo que as obras são necessárias para melhorar as condições da estrada e garantir a segurança de todos.

Empatia com os Trabalhadores: Procuro ter empatia com os trabalhadores da obra, que estão ali, sob o sol ou a chuva, trabalhando para melhorar a nossa vida.

Exemplo Prático: Em uma viagem pela BR-135, enfrentei um trecho de obras interrompido durante 5 horas. Reduzi a velocidade, parei o carro, mantive a calma e respeitei as regras de sinalização. Ao passar pelos trabalhadores da obra, cumprimentei-os com um sorriso e agradeci pelo seu trabalho.

Aceitação e Resiliência: Aprendi a aceitar os imprevistos e a seguir em frente com resiliência.

Os engarrafamentos, desvios e obras na pista me ensinaram que a paciência não é apenas uma virtude, mas um combustível essencial para a jornada da vida. Ao aceitar os imprevistos, adaptar-me às novas situações e respeitar o próximo, tornei-me uma motorista mais consciente, segura e feliz. E, acima de tudo, aprendi a aproveitar cada momento da viagem, mesmo quando o caminho se torna mais lento e desafiador.

A Força da Prevenção: Meu Veículo Minha Segurança

Revisões Periódicas e cuidado com o combustível: Faço revisões periódicas no meu carro para garantir que tudo esteja em perfeito estado.

Kit de Emergência: Levo sempre comigo um kit de emergência com ferramentas, água, comida e um kit de primeiros socorros.

A Força da Independência: Tomando as Próprias Decisões

A viagem solo me ensina a tomar minhas próprias decisões, a confiar em meus instintos e a seguir meu próprio caminho.

Aprendo, muitas vezes, a me virar sozinha resolvendo problemas com criatividade e superando desafios com resiliência.

A Beleza da Boa Simplicidade

Desapego Material: A estrada me ensina a valorizar o que realmente importa: o simples cuidadoso e a atenção dos seres humanos.

Experiências de muito valor ao longo do percurso: uma boa lanchonete com banheiros limpísimos e lanches deliciosamente saudáveis ou um bom hotel ou pousada, bem higienizado, com atendimento humanizado e bom preço, para um merecido descanso.

Catálogo de  paradas: Registro todos os locais de parada bons (para que eu possa voltar) e os ruins (onde eu não devo voltar).

Desejo de Conhecer: Sempre busco inserir pontos alternativos ou ainda não conhecidos em meu catálogo de paradas. Sejam novas cidades, novos hoteis ou restaurantes. E assim sigo conhecendo o mundo.

Exemplo Prático: Em uma viagem de Belo Horizonte – MG a Rondon do Pará – PA, que faço anualmente, já tenho catalogadas todas as Paradas para refeições, abastecimento de combustível, pernoites ou uma parada mais longa para admirar as belezas do lugar. E, a cada nova viagem, busco inserir uma cidade, um hotel ou um restaurante desconhecidos). Às vezes a experiência não é boa. Mas é experiência! Colinas do Tocantins -TO e Carolinas – MA são encantadoras!

Para mim, a estrada é mais do que um caminho, é um estilo de vida. Há 30 anos, me tornei “motorista solo” por escolha, e desde então, a viagem se tornou a minha maior paixão e a minha maior escola de autoconhecimento. Se você também ama dirigir, se você também valoriza a liberdade e a independência, experimente viajar sozinho. Prepare seu carro, aumente o volume da sua música favorita e caia na estrada.

Se você já tem o costume de catalogar seus pontos de parada e, na próxima viagem, se deparar com uma novidade: Pare! Conheça! Dê ao proprietário a chance de se apresentar. Quem sabe o seu catálogo possa ser ampliado?

Agora, quero te ouvir! Compartilhe suas experiências e reflexões sobre viagens solo nos comentários abaixo. Inspire outros a embarcarem nessa jornada transformadora e a descobrirem o poder do autoconhecimento.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *